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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

SPORT: Neto Baiano pede mais autenticidade no futebol: 'Está ficando chato'


Túlio, Romário, Edmundo, Renato Gaúcho, Djalminha... Os anos 90 foram marcados por atletas que, além de possuir o talento, costumavam dar um molho especial aos jogos, através de declarações cercadas de humor e provocações. Irreverência que passou a ser combatida com o crescimento do “profissionalismo” do esporte. A cada ano, declarações arquitetadas pelas assessorias de imprensa e o discurso politicamente correto têm virado “obrigação” no mundo do futebol. Qualquer depoimento fora do roteiro virou falta de profissionalismo. Na contramão do cenário atual, o atacante Neto Baiano se nega a adaptar-se a esse contexto apenas para parecer um “bom moço”.

Autêntico e bem-humorado, não perde a oportunidade de mostrar seu lado irreverente. A língua afiada causou polêmica antes do primeiro clássico do ano contra o Náutico. Para Neto, sua postura é uma demostração de que o futebol não precisa ser maquiado fora das quatro linhas.
- Atualmente, o futebol está ficando muito chato. Não se pode falar nada que as pessoas levam para o lado da provocação ou da falta de respeito. Lembro-me de Romário, Edmundo, Renato Gaúcho, entre outros, que brincavam uns com os outros e ninguém morria por isso. Hoje o futebol está muito mentiroso. O cara tem que falar o que pensa e não ficar ensaiando o que vai falar. Não adianta falar uma coisa nos vestiários e outra coisa para a imprensa. É desnecessário. Sempre falei o que penso. Respeito todo mundo, mas nunca deixarei de ser assim. Se magoar alguém, eu peço desculpas depois.
  Muitas coisas acontecem também por conta da imprensa. Às vezes, você fala uma coisa em tom de brincadeira ou algo que você pensa e isso acaba sendo usado como falta de respeito. No caso do Náutico, mesmo. Não falei nada demais. Disse que, por ter um investimento maior e por estar na Série A, o Sport tinha a obrigação de vencer. Não foi falta de respeito com o Náutico, que tem bons jogadores. Ai falam que isso serve de incentivo. Sinceramente, não acho que isso incentive. Colar jornal no vestiário ou esse tipo de coisa. O que importa é o grupo estar com vontade de vencer. Às vezes, as pessoas dão uma ênfase muito grande às coisas. Ciente de que sua postura pode gerar polêmicas, Neto Baiano afirma que a mídia é um dos fatores para que brincadeiras acabem ganhando outra dimensão. Na avaliação dele, um jogador não precisa ter o discurso político para ser profissional.
Apesar da postura autêntica, Neto Baiano não é alheio ao profissionalismo. Faz questão de ter um assessor de imprensa para cuidar da imagem, mas se nega a aderir o que chama de discurso produzido.
- Atualmente, até mesmo para ser entrevistado você tem que ver as perguntas antes. Tenho um assessor de imprensa, mas não adianta ele me falar o que tenho que dizer, pois falarei o que vier na minha cabeça. Ele sabe disso. 
Criticado por vestir a camisa de uma torcida organizada, o jogador não se furtou a debater sobre o tema. Sem medo das críticas, defendeu a existência das uniformizadas e disse que as brigas envolvendo os integrantes das mesmas são caso de polícia.
- Não estou preocupado com a minha imagem. Se vão falar isso ou aquilo. Em primeiro lugar, visto a camisa do Sport, mas o pessoal da organizada me pediu para usar a camisa deles por baixo e não vejo problema. Defendo a existência das organizadas, pois elas fazem o show. Lógico que há os que brigam e fazem arruaça, mas isso é um trabalho da polícia. Quem briga tem que ser preso e ponto. Não sou favorável à extinção.
G1 PE/ Esportes
Reprodução: Blog Gilson Andrade

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